O avanço do ESG (sigla em inglês para Social, Ambiental e Governança) no mundo dos negócios tem levado um número cada vez maior de empresas a rever suas ações. O que já esteve atrelado apenas às boas práticas na sociedade agora ganha espaço, e relevância, no mercado.
Para garantir que essas companhias estão evoluindo no tema, a forma mais eficiente de medir esse desempenho é estabelecendo métricas claras, essa é a visão dos especialistas e executivos do setor que participaram nesta terça-feira, 21, do primeiro dia de Summit ESG 2022, realizado pelo Estadão.
Abrindo a edição, o painel “Em qual métrica confiar?” trouxe a participação de Cristovão Alves, sócio e diretor de pesquisa e avaliação ESG da Nint; Luís Guedes, professor da Fia Business School; Marcos Matias, presidente da Schneider Electric Brasil; e Shigueo Watanabe Júnior, pesquisador do Instituto Climainfo. O encontro foi mediado pela jornalista Karla Spotorno, da Agência Estado.
Para o CEO da Schneider Eletrics Brasil, além da criação de métricas, é importante que essas ferramentas sejam auditáveis, evitando que as companhias criem regras apenas por criar, sem efetividade na aplicação. “A métrica precisa ser simples e entendida por todos dentro da empresa”, avalia.
Ponto inicial
Na busca por ações mais responsáveis em relação ao ESG, um dos pontos principais levantados pelos especialistas é introduzir o conceito de materialidade no negócio. Basicamente, é entender quais são os temas mais relevantes dentro da sua cadeia produtiva, ou seja, qual das siglas têm maior importância na empresa, algo que muda conforme o seu ramo de atuação.
“O tema ESG é bastante amplo, por isso, é importante saber sobre a materialidade, já que uma empresa do varejo é mais relevante na relação com o consumidor, já na indústria pesada temas como consumo de água passam a ser importantes”, analisa Cristóvão Alves, sócio da Nint.
Na opinião de Shigueo Watanabe Júnior, pesquisador do Instituto Climainfo, além de auxiliar na tomada de decisão interna, o entendimento sobre a materialidade no negócio pode garantir mais oportunidades como o avanço em relação aos créditos de carbono e até novos financiamentos, que atualmente, consideram as informações sobre ESG como critério para liberação de crédito. "A noção de proteção ambiental está na frente dos negócios e no planejamento estratégico das empresas", diz Watanabe Júnior.
Assim como implementar métricas claras dentro das empresas, levantar essa bandeira passa a ser algo fundamental para as companhias na hora de fomentar essas ações do alto escalão ao chão de fábrica. Para Luís Guedes, professor da Fia Business School, além do papel do CEO, que costuma capitanear as mudanças, outro personagem importante nessa ação fica a cargo dos conselhos. “O 'board' deve oferecer essa motivação aos seus executivos sobre as métricas ESG”, afirma Guedes.
Medição
Na opinião dos painelistas convidados, mesmo com o avanço da tecnologia e dos padrões de análise, ainda não há uma “fórmula mágica” para mensurar o desempenho de cada companhia. Assim como o conceito de materialidade, isso depende de negócio para negócio.
Para Alves, da Nint, cada empresa precisa analisar sua atuação e ir percebendo quais dados são relevantes para dentro do seu mercado. “Essa é uma questão que será bastante debatida pelas empresas”, afirma.
Futuro
Apesar de fazer parte das ações de curto prazo, a criação de métricas ESG só devem apresentar seus resultados no médio e longo prazo. Para os especialistas do Summit ESG 2022, a principal iniciativa esperada das companhias é, justamente, romper a barreira da inércia, aderindo às boas práticas o quanto antes. “Na Schneider esse processo demorou pelo menos 16 anos, mas começar é o mais importante”, conta Matias.
Todas as discussões do Summit ESG 2022 podem ser acessadas gratuitamente no site e nas plataformas de vídeo do Estadão.