• Marisa Adán Gil
Atualizado em
Como os investimentos sustentáveis mudam os negócios (Foto:  )

Invbestimentos de impacto aumentaram nos últimos dois anos (Foto: Getty Images)

O setor de impacto viveu uma situação sem precedentes nos dois últimos anos. Por um lado, foi necessário lidar com o crescimento do desemprego, da pobreza e da fome nos países emergentes. Ao mesmo tempo, os negócios sociais tiveram que dar suporte à população em todas as questões relacionadas à pandemia, especialmente nos lugares onde a imunização demorou mais para chegar.

Só que, junto com todas as novas responsabilidades, veio também um novo reconhecimento. “Os negócios sociais não apenas sobreviveram à crise, mas se desdobraram para atender quem precisava. E, ao fazer isso, ficou claro o quanto eram necessários para a sociedade”, diz Tom Kocsis, diretor global de investimento da Yunus Social Business, em entrevista a Época NEGÓCIOS.

Nas grandes empresas, a busca por uma agenda ESG mais sólida fez com que muitas buscassem o investimento de impacto. “Nunca foi tão claro que não dava apenas para focar na maximização do lucro. Era preciso se concentrar no aspecto social do negócio. Com isso, nosso portfólio cresceu, tanto em tamanho quanto no número de empresas para as quais damos suporte.”

Tom Kocsis,diretor global de investimentos da Yunus Social Business (Foto: Divulgação)

Tom Kocsis,diretor global de investimentos da Yunus Social Business (Foto: Divulgação)

Hoje, o fundo de impacto da Yunus tem pouco mais de R$ 12 milhões sob gestão. “No momento, temos 58 empresas investidas, e 12 delas estão no Brasil. Estamos no país há sete anos e temos um portfólio muito forte.” Até agora, empresas investidas pela Yunus – entre elas, Portal Telemedicina e Provi - impactaram positivamente mais de 1,5 milhão de pessoas no país.

Quando se fala em agenda ESG, Tom Kocsis tem uma posição um pouco diferente daquela do fundador da entidade, Muhammad Yunus. Em entrevista recente, Yunus disse que ESG era uma farsa e que, na verdade, as empresas estavam praticando o greenwashing.

“Bom, eu entendo que existe um certo grau de impaciência”, diz Kocsis. “Mas fazer com que as corporações passem a focar em negócios de impacto requer uma mudança de atitude muito forte. Prefiro acreditar que está acontecendo, um dia depois do outro. Há mudanças positivas bem evidentes.”

Uma das funções do diretor global é justamente travar esse diálogo com as grandes companhias e convencê-las a investir com impacto. Mesmo com as transformações dos últimos anos, ainda não é uma tarefa fácil. “Parte da dificuldade é encontrar a pessoa certa, no nível certo, que será inspirada a agir. Muitas vezes, se não chegamos no nível certo, a mensagem simplesmente se perde.”

Para alguém que coordena uma rede global de negócios, as restrições da crise sanitária foram cruéis. “Espero que finalmente a pandemia ceda em 2022, para que possamos voltar a fazer as conexões da maneira como costumávamos fazer, ter interações mais dinâmicas com os negócios, cruzar dados e propósitos entre países e continentes. Estamos muito animados.”

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